Quarta
- feira dia 05.07.2017
CARACAS
— Um grupo de manifestantes pró-governo do presidente Nicolás Maduro invadiu
nesta quarta-feira a sede do Parlamento venezuelano, de maioria opositora, onde
os deputados realizavam uma sessão especial pelo Dia da Independência. Dezenas
de pessoas, algumas encapuzadas e vestidas de vermelho, entraram pelos jardins
da Assembleia Nacional e detonaram foguetes de fogos de artifício.
Segundo o
jornal "El Nacional", alguns manifestantes agrediram deputados e
funcionários do prédio legislativo, deixando 12 feridos. Ao menos cinco
representantes do partido opositor Mesa da Unidade Democrática (MUD) foram
atacados: Juan Guaidó, Americo de Grazia, Armando Armas, José Renold e Nora
Bracho. O deputado Richard Blanco denunciou que armas de fogo e gás lacrimogêneo
foram usados na ação.
— Entraram
armados, disparando tiros, entraram com pedras, entraram com pau, atacaram
várias pessoas — disse o deputado de oposição Tomás Guanipa enquanto mostrava
os projéteis dos tiros a jornalistas.
O deputado opositor Américo De Grazia foi levado ao hospital após o impacto de um objeto que atingiu sua cabeça e uma lesão no tórax. O deputado da MUD Armando Armas afirmou que os parlamentares opositores continuarão sua luta "apesar dos ataques de grupos que apoiam ao governo nacional".
Segundo a
deputada Yajaira Forero da MUD, em meio à confusão no Parlamento, um grupo de
paramilitares entrou no banheiro feminino e depredou o local.
— Roubaram as
mulheres que estavam no banheiro. Apontaram com uma arma de fogo para a
deputada Karin Salanova e levaram seu celular — detalhou Forero em declarações
para a imprensa.
Agentes da
Guarda Nacional Bolivariana foram acionados para conter a ação violenta.
Protestos oficialistas aconteciam desde o início da manhã ao redor do
Parlamento, enquanto era realizada uma sessão que comemorava a Declaração de
Independência da Venezuela.
O ato do governo pela data nacional, que não estava previsto na agenda do Legislativo, foi liderada pelo vice-presidente Tareck El Aissami, que chegou acompanhado do ministro da Defesa e chefe da Força Armada, Vladimir Padrino López, assim como de membros do gabinete e de partidários chavistas.
Maioria na
Casa, a oposição reagiu, chamando o ato de "assalto" e
"provocação para gerar violência". Durante o evento, expôs-se a ata
de Independência do país, firmada há 206 anos.
— Foi um
assalto ao Palácio Federal. Isso podia ter sido feito em coordenação com a
mesa-diretora da Assembleia — criticou o deputado Tomás Guanipa, antes da
cerimônia parlamentar especial.
El Aissami fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual
acusou a oposição de "sequestrar" o Poder Legislativo. Os adversários
de Maduro dominam a Casa, com folga, desde sua esmagadora vitória nas urnas em
dezembro de 2015.
— Estamos
precisamente nas instalações de um poder do Estado que foi sequestrado pela
mesma oligarquia que traiu Bolívar e sua causa — disse o vice-presidente,
deflagrando aplausos dos convidados.
El Aissami
advertiu que Maduro não se renderá, nem cederá em seu propósito de levar a
Constituinte adiante.
— Aqui
está um presidente digno que nunca se renderá, nem permitirá que a Venezuela
seja colônia de qualquer potência estrangeira — declarou.
A crise
política venezuelana se encontra em uma fase de alta tensão por protestos da
oposição que deixaram 91 mortos em três meses e pela convocação de uma
Assembleia Constituinte, por parte do presidente Nicolás Maduro.
Fonte:
oglobo.globo.com/ mundo
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