Consumidores de Fortaleza foram
surpreendidos com mais uma alta no preço do litro da gasolina comum, que já
beira os R$ 4,20 em diversos postos da Capital, ficando até 14% ou R$ 0,52 mais
caro em pouco mais de uma semana. As sucessivas altas no valor do produto neste
ano, influenciadas pela nova política de preços da Petrobras, vêm sendo
responsáveis pela desaceleração no consumo no Brasil. No Ceará, foram vendidos
1,024 milhão de metros cúbicos (m³) do combustível de janeiro a setembro deste
ano, crescimento de apenas 0,68% na comparação com o total de 1,017 milhão de
m³ comercializados em igual período de 2016.
Apesar do leve aumento no consumo de
gasolina no acumulado de 2017, os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram vários meses (fevereiro, abril, junho,
julho e setembro) de retração na venda do combustível no Estado. Em setembro,
por exemplo, o recuo foi de 6,18% em relação a agosto. O consumo mensal caiu de
118.857 de m³ para 111.509 de m³.
A queda é ainda maior, de 6,82%, quando se
compara setembro de 2017 com igual período do ano passado, tendo o volume de
litros do combustível passado de 119.675 de m³ para 111.509 de m³. Em termos de
venda de gasolina no Ceará, por sinal, setembro de 2017 foi o pior desde 2014.
Em 2016, de janeiro a dezembro, foram
comercializados no Estado 1,372 milhão de m³ de gasolina. O volume é 34% maior
diante da quantidade vendida nos nove primeiros meses deste ano. Para Bruno
Iughetti, consultor de petróleo e gás, o consumo de gasolina no Ceará deverá
ganhar um pouco de fôlego nestes últimos meses do ano e fechar 2017
praticamente estável ante 2016, com crescimento de 0,5%, abaixo do índice de
1,2% previsto para o Brasil.
“Este meio por cento significa um
crescimento quase que vegetativo. Com a gasolina mais cara, muitos condutores
têm procurado alternativas para usar menos seus veículos e economizar dinheiro,
pegando caronas, optando mais pelo aplicativo Uber, táxis e até mesmo pelo
transporte público. Está sendo mais econômico”, observa.
O empresário Everton Araújo sempre abastece
seu veículo no posto Bela Vista I, localizado na avenida Rogaciano Leite, no
bairro Patriolino Ribeiro. Até a última quinta-feira, 2, a gasolina comum
custava R$ 3,67 no estabelecimento, passando para R$ 4,17 na sexta-feira, 3. “É
um absurdo. Infelizmente, no Brasil, o consumidor está sendo cada vez mais
explorado”, afirma. Ontem, O POVOvisitou postos de combustíveis da Cidade
e verificou que o litro da gasolina variava de R$ 3,99 a R$ 4,19, aumento de 5%
ou R$ 0,20.
Melhora
De acordo com Iughetti, embora a ANP ainda
não tenha divulgado os números de outubro, o consumo no Estado apresentou
melhora no último mês. Ele diz que as vendas serão melhores em novembro e
dezembro, principalmente, se houver redução no preço da gasolina. “As pessoas
costumam sair mais de casa neste período, vão fazer compras de Natal e
participam de confraternizações de fim de ano. Isso estimula o consumo”,
afirma, lembrando que o estoque de gasolina no Ceará está confortável, pois “um
bom volume veio das refinarias em setembro”.
Variação
Em pouco mais de uma semana, o preço da
gasolina em Fortaleza subiu até 14% (R$ 0,52), saltando de R$ 3,67, o menor
valor observado no último fim de semana de outubro, para R$ 4,19, o maior valor
atualmente em postos de combustíveis da Cidade. “Bruno Iughetti lembra que
esses aumentos repentinos estão ligados à nova política de preços da Petrobras,
em vigor desde julho deste ano e que se ajusta conforme o mercado
internacional. “R$ 4,19 é muito caro”, destaca.
Valor
médio
De acordo com o último levantamento de
preços da ANP, realizado de 22 a 28 de outubro, o valor médio do litro da
gasolina em Fortaleza era de R$ 3,90, o terceiro maior entre as capitais do
Nordeste, atrás de Maceió (R$ 3,95) e Salvador (R$ 3,93). Já o Ceará, conforme
a ANP, apresentava preço médio de R$ 3,93, perdendo para Alagoas (R$ 3,96) e
Bahia (R$ 3,95).
No Brasil, de janeiro a setembro, foram
consumidos 33,31 milhões de m³ de gasolina. Em 2016, o volume fechou em 43
milhões de m³. No País, em setembro, foram vendidos 3,49 milhões de m³ do
produto, queda de 5,38% ante agosto (3,69 milhões de m³). Na comparação com
setembro de 2016 (3,58 milhões de m³), o recuo foi de 2,5%.
O POVO tentou ouvir o Sindicato do
Comércio Varejistas de Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), mas
não obteve retorno até o fim desta edição. Contudo, a entidade geralmente observa
que “o mercado é livre e competitivo, ficando a cargo de cada posto revendedor
o repasse ou não dos aumentos, assim como a definição do seu percentual de
lucro”.
NÚMEROS
6,18%
Foi o recuo no consumo de gasolina no Ceará
em setembro, em relação a agosto
R$ 3,99
Foi o menor preço do litro da gasolina
encontrado ontem pela reportagem
Fonte: O Povo Online
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